sexta-feira, 29 de abril de 2011

Havia morrido

Havia morrido. Ninguém notou. Continuaram a cumprimentar. Continuava os afazeres diários. Continuava sorrindo. Continuava andando. Continuava ouvindo, em silêncio. Continuava.

Abria os olhos. Olhava. Não via. Falava. Não sabia o que, não lembrava. Não se importava.  Não importava.


Doíam-lhe os ombros. Não sentia. Doía-lhe a alma. Já não a tinha. Perdeu-se. Mas doía.

Saía, voltava. Saía de novo. Voltava. Dormia. Acordava. Saía de novo.

Ouvia vozes em volta. Mas não havia ninguém. Via vultos em volta. Mas, não. Ninguém.

Sentiu uma pulsão. Seria a vida? Não. Foi engano. Ilusão. Havia mesmo morrido.

Mas continuava.

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