sábado, 20 de agosto de 2011

Revolução

A revolução está chegando. Armas em punho. Apontadas para mim, como deve ser. A revolução se organiza. Campos de guerrilha se espalham. O treinamento é intenso aqui dentro. As idéias se arrastam, se propagam. Em surdina. Eu tomo nota. A semente foi plantada e há um burburinho que se espalha rapidamente, a fim de agregar mais e mais ação. Clandestinamente, o embrião da revolução é gerado, alimentado, e cresce. Ela está por vir, e é bem vinda. É ansiosamente aguardada. O estado atual já não comporta mais a força das minhas novas idéias. Meu organismo, cansado, esgotado, confuso, perdido, revoltado, irritado, aguarda a chegada de uma nova era.

Não se sabe muito bem os rumos a partir de então. Não há um planejamento concreto. Apenas um grito há muito abafado. Com potência diretamente proporcional ao tempo de espera. Que derrubará muros. Destruirá as bases da estrutura vigente. E tudo recomeçará.

As bandeiras estão a postos. A cara está pintada. As armas estão carregadas. O grito está na garganta, a ponto de sair. A insurreição está armada. A energia é vibrante. A expectativa, imensa. Nada será como antes. 

domingo, 14 de agosto de 2011

Podemos ser amantes eternos

Podemos ser amantes eternos. Podemos deixar nossas almas se comunicarem e falarem coisas que só se falam com a alma. Podemos ignorar um ao outro até o ponto de não nos lembrarmos mais um do outro, não lembrarmos mais dos detalhes dos olhos um do outro. Mas conheceremos nossas almas melhor que ninguém mais. Eu, a sua. Você, a minha. Porque, a bem da verdade, elas se comunicam. Eu falo com a sua neste instante, porque a sua alma me chamou. Seremos eternos estranhos, ríspidos, infelizes, rabugentos, solitários. E nossas almas bailarão juntas numa valsa etérea. Eu te esquecerei, encontrarei outros. Você continuará zanzando entre relações falidas. E nossas almas juntas, olharão para nós dois e darão risada, cúmplices. Morreremos em vida um para o outro. Minha alma e a sua andarão lado a lado. Pintarão quadros coloridos de poesia e cantarão uma para a outra. Reconhecer-se-ão no escuro. Encontrarão descanso no colo uma da outra. Nós beberemos ao som de Blues. Olharemos para trás sem poder nos tocar. Nós nos perderemos. Continuamente. Podemos ser amantes eternos. Sem perceber, já somos. 

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Preço de ocasião

- Tem senso crítico?
- Tem não. Tá em falta no mercado.
- Ah... Eu li numa revista que é bom... O que tem aí hoje?
- Tem conformismo da melhor qualidade. Tá ali na pilha, inclusive tá em  oferta. Você leva conformismo e ganha alienação de brinde!
- Eba!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

a gente

a gente é um produto inacabado
uma explosão por vir
que não vem
um abraço apertado
que se quer mas não tem
um gostinho de quero mais
nunca saciado
a gente é assim
complicado
que não descomplica
um incômodo presente
a bittersweet symphony
na pauta
a gente é assim
coisa esquisita
que sofre, e pensa, e chora
e angustia, e considera e desconsidera
e não vive, só imagina
a gente é assim
cheio de chance de ser feliz
mas pra que ser feliz junto
se a gente pode sofrer longe?
gostoso é doer
gostoso é sofrer
gostoso é querer
e não ter