sábado, 22 de outubro de 2011

Espertinha

A chuva está batendo no vidro da janela. Os vizinhos conversam não sei o que. As janelas estão fechadas e eu não consigo ouvir. Tem um portão que não para de bater.

O dia está cinza. E eu acinzento junto. O piano de Nina lamenta.

Tem água fervendo no fogão. Meu almoço está quase pronto. Macarrão instantâneo.  Hora de desligar e comer. Desce sem graça, sem gosto. Alimenta.

A vida me cutuca. Ela adora estes momentos. Chega de mansinho e encosta em mim. E não me deixa em paz enquanto eu não lhe der atenção. Eu lhe dou. Penso. E não chego a grandes conclusões. A conclusão é que nunca deixarei de pensar sobre ela. E nunca chegarei a grandes conclusões.


A chuva aumentou.

E aí? A vida é pra comer? É pra guardar? É pra esquecer? É pra analisar? É pra sorrir ou pra chorar? É pra vencer, ganhar dela? É pra engolir ou ser engolida por ela? Danada... Espertinha, ela.

Aí ela me cansa. Ai, chega de tanta ladainha... Vou ali, pintar minha estante. Vou ali, pintar minha vida. Vamos ver como ela ficará.

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