quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Raiva

Ah, essa raiva que vive dentro de mim.
Ah, essa raiva disfarçada que me toma.
Ah, essa raiva dissimulada,
que me dociliza diante dos outros
e me imbeciliza diante de mim.
Ah essa raiva, que me domina há tanto,
sem nome, sem rosto, sem se identificar.
E vive minha vida por mim.
Ah, essa raiva abafada, que causa estrago sem ser notada.
Ah, essa raiva, que me empurra para onde não quero ir.
Ah, essa raiva calada.
Ah, essa raiva entalhada, incrustada, primitiva.
Ah, quanta raiva!
Ah, quanta raiva guardada, escondida, fingida.
Que de tão torta me estraga.
De tão antiga me azeda.
De tão presente se esquiva.
E de tão pungente me priva
de mim.

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