domingo, 12 de junho de 2011

A viagem

O fato é que sair de casa me faz sair de mim. O fato é que viajar me faz encontrar um monte de pessoas que realmente mexem comigo. E estão todas dentro de mim. Só que normalmente elas ficam lá, bem quietinhas, porque estão esquecidas. Eu, coitadas, abandono-as, sufoco-as. Esqueço-me delas. Acho que tenho medo de cada uma delas. Por que são todas eu e eu tenho medo de me encontrar. Ficando em casa é mais fácil lidar com aquela eu que criei pra poder me aturar. Mas sair de casa me faz ter que lidar com cada uma das outras. E são todas ensandecidas. Ou me assustam bastante. Ou nem são tão perigosas assim, mas como me desestabilizam! O fato é que encontrá-las me agita e aí é que mora o perigo. Porque o susto é proveitoso e me embala. Quero ficar com ele e viver nele. Mas aí, é a volta para casa que entra em jogo. Ah não... Vou ter que encontrar com aquela eu de novo. Aquela, que tudo aceita, que vive embalada pela rotina, que finge ser o que é e finge estar tudo bem. Que vive em sua redoma e aceita quando dizem que é ótimo... Quero ficar aqui, com essas outras pessoas que vivem dentro de mim, tão mais interessantes, interessadas, empreendedoras, criativas, bonitas, modernas. Por que eu tenho que voltar? Voltar não é algo ruim? Voltar não é andar pra trás? Mas parece que é o ritmo imposto pela dualidade imposta pela experiência coletiva. Se vamos temos que voltar não é? Chato...

 Jan -2010

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