domingo, 6 de março de 2011

Olhar

Então o olhar se surpreende.
Descobre que existem palavras.
São-lhe ainda ríspidas.
Que tanto dizem? E dizem?
Desconfia.
O olhar ainda quer dizer.
Falar com a força do oculto.
Prefere ser decifrado.
As palavras o desafiam.
Só que ainda se confundem na tradução.
Loucas, desmedidas, não conseguem se conter.
Terão elas tal poder?
O olhar é certeiro, porém tímido.
Será ouvido?
Provável que não.
Mas como se entregar à fúria incontida do dizer?
Expor, desproteger?
Encolhe-se e volta para si.
Contido, acuado
Seguro, escondido
Silencioso.

01/10/2007

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